O episódio que virou pauta do dia na imprensa pernambucana e até nacional neste 1º de Fevereiro, protagonizado por uma fala infeliz proferida pelo presidente da Alepe e ‘vazada’ após sessão no plenário da casa, com presença da governadora, é apenas mais um capítulo de uma desgaste que vem se desenhando, mas com desfecho previsível, inclusive já sinalizado pelo PSDB nas esferas estadual e nacional
*Por Marcelo Jorge
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Quando Raquel Lyra assumiu o Governo de Pernambuco e optou por entender as mazelas herdadas pelos pernambucanos, ignorando atender as tradicionais demandas dos políticos como privilégios, afagos, cargos, protagonismo e apoios velados a projetos pessoais, mexeu profundamente com a tradicional prática consolidada por séculos na política brasileira.
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Para quem ainda pode ter dúvidas sobre as boas intenções e práticas adotadas por Raquel em 2023, basta traçar um comparativo entre o ato de receber o Governo de mãos adversárias, com a aquisição de uma casa desgastada, com goteiras no teto e infestação de pragas, problemas que não se resolvem do dia para a noite, nem tampouco sem um levantamento prévio de prioridades e logo após, busca por investimentos e economia de recursos para, a partir daí, se iniciar um longo e por vezes penoso processo de reforma. E como sabemos, nas reformas a conta aumenta. Portanto, buscar recursos e economizar com gastos desnecessários, são ações que o governo tucano fez bem no primeiro ano de gestão.
E Pernambuco estava de fato deteriorado, como já dizia o então oposicionista Álvaro Porto, quando ao lado da hoje Vice Governadora e à época também deputada Priscila Krause e acompanhados de uma oposição que ‘cabia em uma Kombi’, bradavam no plenário da mesma Alepe contra os supostos desmandos do Governo socialista da época, corajosamente desnudando a face do poder.
Com esta mensagem oposicionista compreendida pelos pernambucanos, as urnas reverberaram a necessidade de mudança, que de fato ocorreu em 2022.
FALTA DE DIÁLOGO OU POSTURA AUSTERA?
Os vínculos por vezes promíscuos, porém travestidas de ‘boas relações institucionais’ entre Prefeituras x Câmaras Municipais; Governos Estaduais x Assembleias Legislativas e Presidência da República x Congresso Nacional, são uma espécie de ‘Cultura Sagrada’ na política nacional. Mas. Raquel Lyra ousou cometer o ‘sacrilégio’ de impor um modelo diferente de relacionamento, na tentativa de torná-lo de fato institucional.
A verdade é que poucos políticos das três esferas citadas, tem independência suficiente para manter sua coerência e de fato exercer mandato independente. Na maioria dos casos, por compromissos assumidos com eleitores e investidores das suas campanhas, alguns criam demandas pessoais que, no cargo, gritam alto e chegam a superar o ruído interno, transformando a insatisfação de fato em barulho.
E foi um ruído de insatisfação exatamente o que aconteceu no desfecho da reunião que seria apenas mais um festivo evento de retorno dos deputados estaduais pernambucanos à Casa do Povo, após um merecido recesso parlamentar.
A diferença é que, parafraseando o poeta Carlos Drummond e substituindo a sua pedra por um equipamento sonoro. “No meio do caminho tinha um microfone aberto; tinha um microfone aberto no meio do caminho.”
O QUE PODE ACONTECER?
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A provável penalização de Porto pela legenda tucana, que poderá culminar com o desembarque deste do partido, além de previsível, deve fazê-lo sair do PSDB - legenda a qual foi convidado com honras -, pela porta dos fundos, além de levar junto, em um desdobramento também natural, o apoio da sua esposa e prefeita de Canhotinho, Sandra Paes, até então aliada do Governo Raquel.
O lado positivo de tudo isso, pelo menos para a Governadora, é que agora Raquel - que já sabia – bem como todo eleitor pernambucano, passa a ter a certeza do que o presidente da Alepe pensa dela e do seu Governo.
E para este último, fica a lição de que um microfone aberto inadvertidamente pode mudar planos...
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